segunda-feira, 5 de abril de 2010

Judas, o Povo Brasileiro



Época de páscoa, quando os cristãos relembram os últimos dias de Jesus sobre a terra, e vão a teatros assistir ao espetáculo Paixão de Cristo, encenado e exibido por centenas, talvez milhares, Brasil afora... Mas nessa época do ano nem tudo são crendices, tantos são os chocolates e a apelação comercial do malvado coelhinho, e acaba que muita gente nem sabe o que se comemora na páscoa. Mas não é disso que venho tratar aqui. Quero falar um pouco de Judas. Não, não é propriamente o traidor de Cristo, delineie-se. É o Judas boneco de pancadas que os católicos fazem nessa época do ano, numa tradição que remonta à idade média. Faz-se um boneco, dá-se um nome a ele (presidente, por exemplo, ou casal nardoni), juntamente com a alcunha de traidor, deixa-se o boneco ao escárnio das pessoas, depois desce-se o bordão no pobre, em especial ocasião.

Como todos sabem , bem por detrás desse meu discursinho barato, que eu sou na verdade um puxa-saco da classe política do Brasil, dos grandes empresários, dos digníssimos banqueiros, dos fidalguíssimos Juízes, dos nobilíssimos deputados, dos excelentes senadores, fiz também às minhas queridas autoridades um Judas. É um Judas virtual, dado a estarmos no século XXI (ou estou enganado?). Mas também o existe. E também está ao escárnio dos transeuntes. E também apanha, e mehor, não somente em ocasiões especiais, mas diuturnamente e durante o ano todo. Esse Judas que por mim, Zé Coitér, é oferecido aos nobres que há pouco citei chama-se Povo Brasileiro.

Sim. Judas, o Povo. E não se fazem de rogados os católicos seguidores que há pouco citei. Esbofeteiam e cospem no Judas. Xingam-lhe a mãe. execram-lhe a ascendência e lhe roubam o pouco trocado que ainda possui no bolso. E judas, o que poderia fazer, a não ser pagar pela sua burrice? Impassível, às vezes. outras vezes até feliz, conformado. Mas sempre quedo, sem altivez aguma. Sempre sublaterno. Sempre estático, a suportar o preço de sua traição.

Em outubro deste ano, Judas será novamente traidor, e consequntemente terá de pagar novamente pelos seu pecados. Não me recordo exatamente a data, mas ocorrerá de novo. A cada dois anos Judas trai a si mesmo. E paga caro. Em lugar de entregar terceiro, entrega a si mesmo, e essa é a pior detodas as traições...

Seja o primeiro a comentar

Postar um comentário

Publique aqui o Seu pensamento, Crítica ou sugestão. Os comentários não são moderados: diga o que quiser e identifique-se se quiser. Obrigado por visita o blog do Cínico.

  ©Template Blogger Elegance by Dicas Blogger.

TOPO